A Declaração de Assunção insta os sistemas da educação superior a fortalecerem seu compromisso com a inovação tecnológica para superar as desigualdades
Nos dias 22 e 23 de novembro, na Universidade Nacional de Assunção, em San Lorenzo, Paraguai (UNA), os reitores participantes da 10ª Reunião de Redes e Conselhos de Reitores da Educação Superior da América Latina e Caribe (RedES), representantes do Espaço Latino-Americano e Caribenho de Educação Superior (ENLACES) e doa UNESCO-IESALC se reuniram para discutir, analisar e debater como os atores universitários, institucionais e regionais enfrentam os avanços e desafios da transformação digital na educação superior com vistas ao futuro de suas instituições e no âmbito do desenvolvimento sustentável.
A 10ª Reunião da RedES se concentrou em uma das principais oportunidades para a transformação da educação superior em nossa época: a digitalização, cujo impacto abrange todas as esferas de ação das universidades e cujo progresso vertiginoso supõe desafios importantes.
Esta edição do evento de articulação é a primeira a ser realizada presencialmente após a pandemia. Organizadoa pelo IESALC, em parceria com a Universidade Nacional de Assunção (UNA), ENLACES e a Associação de Universidades Públicas do Paraguai (AUPP), também faz parte do processo preparatório para a Reunião de Acompanhamento da CRES (Conferência Regional de Educação Superior), conhecida como CRES+5, a ser realizada em Brasília em março de 2024.
Os quase 200 participantes, de 13 países, avaliaram os desafios atuais dos processos acadêmicos, levando em conta a irrupção da inteligência artificial generativa e a integração de plataformas educacionais na web, que apresentam tanto oportunidades quanto riscos.
Participaram das palestras inaugurais Zully Concepción Vera de Molinas e Miguel Torres Ñumbay, reitora e vice-reitor, respectivamente, da Universidade Nacional de Assunção; Clarito Rojas Marín, presidente do Conselho Nacional de Educação Superior (CONES) e reitor da Universidade Nacional de Concepción (UNC, Paraguai); Francesc Pedró, diretor do UNESCO IESALC, além de reitores de diferentes universidades paraguaias, representantes de redes universitárias e membros do público interessado.
Entre as vantagens oferecidas pela digitalização, os especialistas destacaram que as novas tecnologias podem ser usadas para adaptar o aprendizado às necessidades individuais dos alunos, o que pode ajudar a melhorar seu desempenho; podem facilitar o acesso à educação para aqueles que vivem em áreas remotas e a inovação, tanto no ensino quanto no aprendizado, pode desenvolver conteúdo atraente adaptado às necessidades do momento.
Os participantes destacaram o potencial indiscutível da integração da tecnologia na educação superior, ao mesmo tempo em que reconheceram os desafios que ela apresenta em termos de equidade e qualidade. Sua implementação pode acarretar um alto custo e não seja acessível a todas as instituições, o que pode exacerbar as desigualdades existentes. Daí a necessidade de neutralizar ou abordar as brechas digitais existentes, por meio de políticas públicas de transformação digital que favoreçam os alunos mais vulneráveis e considerem a conectividade como um bem comum, um bem público e um direito universal, ressaltando a necessidade de incorporar uma perspectiva de gênero para evitar novas divisões e desigualdades.
Por outro lado, detacou-se a necessidade de estabelecer políticas públicas que apoiem o desenvolvimento de novas tecnologias, a formação contínua de professores e a promoção de pesquisas na área e a promoção da integração por meio dessas ferramentas, com benefícios para toda a comunidade universitária e, acima de tudo, colocando a inovação educacional, os programas de educação aberta e a distância e a hibridização a serviço dos mais vulneráveis e incluindo o pessoal técnico, administrativo e de serviços como beneficiários.
Por unanimidade, os participantes expressaram sua rejeição à mercantilização dos dados como mecanismo de financiamento para a digitalização, exigindo o uso ético dos dados e o respeito às medidades dea privacidade.
Também ressaltou-se a necessidade de comprometer as instituições de educação superior com a sustentabilidade como parte da transformação digital e no âmbito de políticas institucionais que facilitem o uso de energias renováveis e a reciclagem de equipamentos.
Com relação ao uso da inteligência artificial, as instituições da educação superior são chamadas a promover a pesquisa nessa matéria, assim como a formação de capacidades humanas necessárias para seu uso, incluindo aspectos tecnológicos e éticos, mas também critérios de qualidade da educação superior.
Foi feito um apelo aos governos da região para que reforcem seu compromisso com o financiamento de uma educação superior de qualidade que respeite a autonomia universitária, condições de trabalho decentes e liberdade acadêmica. Por fim, as Redes agradeceram ao IESALC por convocar e organizar esta 10ª Reunião e à Universidade Nacional de Assunção e suas autoridades pelo apoio e pela inestimável acolhida e liderança compartilhada para o sucesso do evento. As conclusões e recomendações finais estão contidas na Declaração de Assunção.
Conquistas da educação remota emergencial
O diretor do IESALC destacou quatro conquistas importantes da educação remota de emergência mencionadas pelos membros do painel e pela plateia durante os debates: a primeira foi a enorme capacidade de resposta e o compromisso das instituições da educação superior durante a pandemia: Considero que foi um ato de heroísmo e não capitalizamos o suficiente sobre essa liderança”. A segunda conquista mencionada refere-se ao reconhecimento da competência profissional dos professores para lidar com a situação emergencial.
A visibilização das dificuldades das carreiras acadêmicas das mulheres em comparação com as dos homens, não apenas em termos de acesso, mas também na obtenção a cargos e nos critérios de êxito das carreiras acadêmicas, é a terceira conquista, enquanto a quarta diz respeito ao reconhecimento pelas universidades de que os alunos não são apenas aprendizes ou futuros trabalhadores, mas pessoas que exigem atenção integral, com necessidades socioemocionais e efetivas. “Isso se traduz em uma conscientização por parte das universidades de que é preciso aumentar os esforços para oferecer serviços de assistência aos alunos e professores”, disse o diretor, Francesc Pedró.
Uma última conquista diz respeito à crescente ênfase dada à perspectiva do bem-estar do aluno como um ser humano que não deve ser treinado apenas como um futuro profissional ou pesquisador, mas também deve ser tratado como um ser humano que tem, como qualquer outra pessoa, necessidades socioemocionais e efetivas.
Transmissão ao vivo de 22 de novembro de 2023 aqui
Transmissão ao vivo de 23 de novembro de 2023 aqui
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