A América Latina e Caribe, lar de uma multiplicidade de culturas, idiomas, tradições, conhecimentos e modos de vida, enfrenta o desafio de superar a colonialidade do poder e do saber que significou a exclusão, a marginalização e a discriminação das pessoas que representam essa mesma diversidade. Neste esforço, as Instituições de Educação Superior (IES), em conexão com as comunidades e grupos sociais, e com os demais níveis do sistema educacional, devem não só reconhecer e valorizar a diversidade cultural, mas também promover a construção da interculturalidade como princípio epistemológico e político. 

É possível identificar avanços neste caminho desde a CRES 2018, tais como a expansão de marcos jurídicos e políticas públicas dedicadas à promoção da interculturalidade; bem como a CREScimento em número e abrangência das Universidades Interculturais. Associado a estes avanços, persiste o desafio de traduzir os princípios e regulamentos em práticas concretas, como a curricularização da interculturalidade e não apenas a sua integração em ações específicas; a superação de visões folclóricas da diversidade cultural que não promovem a sua valorização mas sim a sua descontextualização; a formação de professores bilíngues interculturais; e a conexão entre IES e comunidades para evitar práticas de extrativismo epistemológico. É necessário, ademais, avançar na compreensão da interculturalidade como um compromisso de todo o sistema de educação superior e não apenas das IES Interculturais. Assim, as universidades convencionais são convocadas a investir em medidas de relevância e pertinência relacionadas à diversidade cultural da sociedade a que se destinam. 

Santiago Ruiz, diretor de Pesquisa Científica da Universidade Nacional Autônoma de Honduras (UNAH)

Outro desafio prioritário é o combate a todas as formas de racismo persistentes nos sistemas de educação superior, o que supõe ir além das medidas de acesso aos grupos historicamente minoritários nas IES, considerando também políticas de permanência e de apoio, a fim de garantir os direitos educativos e culturais em condições de equidade aos estudantes indígenas e afrodescendentes e outros grupos socioculturais em situação de discriminação em cada país. 

O Eixo 2 tem a missão especial de abordar as múltiplas experiências e propostas da diversidade cultural e da interculturalidade e, ao mesmo tempo, gerar uma visão regional, integrada e panorâmica dos progressos e desafios pendentes nesta área. O trabalho deste eixo é liderado por: Daniel Mato; diretor da Cátedra UNESCO “Educação Superior e Povos Indígenas e Afrodescendentes na América Latina” na Universidade Nacional de Tres de Febrero (UNTREF), Argentina; Jacob Omar Jerónimo, professor da Universidade de Kaqchikel e cofundador da Central de Organizações Indígenas e Campesinas Maya Ch’orti’, Guatemala; Sandra de Deus, professora do Departamento de Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Brasil e Santiago J. Ruiz Alvarez, diretor de Pesquisa Científica da Universidade Nacional Autônoma de Honduras (UNAH). 


DOCUMENTOS DO EIXO 2


Educación superior, diversidad cultural e interculturalidad en América Latina

UNESCO IESALC 2018


GT.2 Documento base (minuta) – Educação Superior, diversidade cultural e interculturalidade na América Latina e Caribe 


GT.2 Documento base (minuta final) – Educação Superior, diversidade cultural e interculturalidade na América Latina e Caribe 


Eixo 2 – Resumo Executivo